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segunda-feira, novembro 01, 2010

O novo destino do Ubuntu

Há bastante tempo defendo que a comunidade que desenvolve e suporta o GNU/Linux tem errado no tocante à sua estratégia para fazer o sistema crescer no desktop. Sempre que se critica a participação do Linux no desktop (por ser pequena para o que se esperaria) surgem vários usuários defendendo que a participação de mercado não é importante. Eles esquecem que, mesmo para empresas que usam o Linux como solução para servidores, a participação do Linux no mercado de sistemas desktop é importante sim.

RedHat, IBM, Novell e outras empresas que têm suportado o Linux em ambientes corporativos e em servidores poderiam se beneficiar muito de um Linux mais “competente” no mercado do Windows, e sabem disso. Seja pelo fato de que poderiam vender soluções mais completas aos seus clientes, seja porque gastariam menos tempo se preocupando que suas soluções suportem o Windows. A Canonical, que faz o já famoso Ubuntu, conseguiu desfrutar mais diretamente de uma participação maior de mercado do Linux no desktop.

Comentei anteriormente sobre como o Mac OS atingiu o que o Linux almeja há muito tempo e as razões pelas quais eu penso que isso tenha ocorrido. O Mac OS começa a incomodar o Windows e já atrai atenção de empresas que só faziam software para o sistema da Microsoft, enquanto o Linux... nada. Além do mérito do Mac OS que tem sido o grande destino dos usuários que abandonam o Windows, suplantando as expectativas da comunidade de software livre, o Linux possui muitas deficiências em sua estratégia. E elas estão visíveis aos usuários que desistem do Windows e buscam outro sistema. Os que podem pagar o preço mudam para Mac, os que não podem preferem o conformismo à enfrentar as deficiências do sistema do pinguim. Note que elas não são técnicas em geral, mas sim práticas.

Para corrigir os problemas práticos e de usabilidade muitas soluções são possíveis e eu propus uma das mais radicais: ter um hardware próprio para Linux e concentrar os esforços apenas nesse hardware certificado. Esses links estão aqui pois servem de apoio à essas idéias. Se você é um leitor frequente do Livre Acesso já deve conhecer esses artigos, mas se chegou agora eles podem defender minhas idéias e por isso não trilharei esse caminho novamente.

Como era de se esperar, cada vez que falo essas coisas, alguns usuários comentam os artigos e ressaltam como eu estou errado. Mas aparentemente muita gente grande no mundo do software livre concorda, ao menos em parte, comigo.

Semana passada a Canonical anunciou que o Gnome não será a GUI padrão na próxima versão do Ubuntu e que adotará sua própria visão de como uma interface deve ser, a Unity. O Ubuntu 11.04 vai ser instalado com a Unity, interface criada para netbooks mas que será adaptada ao uso desktop.

E por que isso significa que Mark Shuttleworth concorda comigo? Porque a visão da Canonical, assim como a minha, sobre o que a interface de um sistema deve ser discorda da visão do Gnome. O Gnome nasceu inspirado na interface do antigo Mac OS (antes de existir um Dock e o Spotlight) e não mudou muito nos últimos anos. O KDE nasceu baseado na interface do Windows e, apesar de ter evoluído bastante, mantém a mesma premissa básica da interface que o inspirou: uma barra onde os botões das aplicações abertas aparecem.

Para a Canonical inspirar-se no Mac ou no Windows não é o bastante. Não quando você quer ser relevante. Critico bastante a Canonical por sua pouca contribuição ao Gnome nos últimos anos. Em sendo o Linux mais presente no desktop ele deveria dar o exemplo, afinal muitos usuários vão conhecer o software livre pelos olhos de um Ubuntu. Se não compreenderem, a partir de seu próprio sistema, o que é contribuir para software livre vão perder o lado filosófico do que está sendo feito (e é o lado mais importante).

A incapacidade de contribuir (por diversos motivos) com o Gnome fez a Canonical trilhar seu próprio caminho. E quando a Canonical descobriu que teria que fazer sua GUI sem participar do Gnome decidiu redesenhá-la. O resultado é a adoção da GUI Unity.

O Unity é a visão da Canonical sobre como uma interface de netbook deveria ser. Netbooks têm telas pequenas e pouco espaço. Suas interfaces precisam ser econômicas e simples. A Canonical pensou a Unity para atingir esses objetivos e concorrer com o Windows XP no mercado de netbooks. E agora vai trocar o Gnome por uma versão da Unity adaptada à telas maiores. Vou deixar para falar sobre o porque o Ubuntu com Unity não destronou o Windows XP nos netbooks nos comentários deste artigo pois sei que é um argumento óbvio.

Vejo isso como algo totalmente positivo para o Linux. A distribuição mais bem-sucedida no mundo desktop vai inovar e criar algo diferente. É uma chance genuína de surpreender os usuários do mundo todo com algo inovador, exatamente o que todo mundo espera de alguém que se diz alternativa ao que está estabelecido.

Eu não sei como a Unity vai ser quando o Ubuntu 11.04 chegar. Mas acho que a Canonical está de parabéns pela atitude. Que sirva de inspiração para KDE, Gnome e outras distribuições. Meu palpite é que a participação de mercado do Ubuntu deve crescer com esse movimento, mostrado que algo totalmente diferente é o que os usuários estão procurando.

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Comments:
Não vejo problemas em se criar uma nova interface (Unity), *DESDE* que haja a possibilidade de usar a interface padrão do GNOME... &;-D
 
Excelente artigo. Sou usuário do Ubuntu desde a versão 8.04, passei a usar linux como uma alternativa eficiente ao Windows, até mesmo pelas inúmeras deficiências desse último. Vejo, porém, que a Canonical e o próprio projeto Gnome são tímidos nas atualizações visuais. Esperando concorrer com o novo visual do Windows 7 que, apesar de ser Windows ficou bem atraente, é de se esperar mudanças profundas no visual. Só não sei se o visual Unix vai se adaptar bem em Desktops e Notebooks com telas maiores. Vamos ver.
 
Vc vem numa sequencia de posts excelentes.
Parabéns e continue
 
A todos vocês, muito obrigado pelo apoio e considerações. É isso que me faz continuar a escrever.

Grande abraço.
 
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