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quarta-feira, agosto 18, 2010

Lady Java

O novo vídeo de promoção da JavaZone 2010 não é tão engraçado quanto o Java 4-ever, mas quebra um galho. Com vocês Lady Java cantando JavaZone.


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sábado, agosto 07, 2010

Porque a Apple ignora o software livre

Já é um clássico. O rapaz magro, de jeans, camiseta e tênis aparece e anuncia “Olá, eu sou o Mac” e do outro lado a versão cheinha do Bill Gates rebate “E eu sou o PC”. O resto do comercial sempre é sarcástico ou bem humorado e ressalta as qualidades do produto Apple frente ao produto Dell.

Dell? Como assim Dell? Bem, a Dell faz PCs, não faz? Mas poderia ser frente ao produto Sony, ou HP, ou Acer, ou Asus.

Acontece que a maior parte das propagandas fala de virus, firewalls, interface, compatibilidade, travamentos, coisas que não são, na maior parte das vezes, inerentes ao hardware. Todo mundo sabe que o grande alvo é o Microsoft Windows. Todo mundo sabe porque o grande boom, nos EUA, de crescimento dos Mac no mercado tem nome: Windows Vista. O usuário comum percebeu os problemas do Vista e olhou para o outro lado da cerca.

Hoje Macs respondem por 8% do mercado de computadores pessoais dos EUA segundo o Gartner Group considerando as vendas de equipamentos novos no primeiro trimestre de 2010. Para se ter uma idéia a Toshiba possui 8,6% do mesmo mercado e a fatia da Apple é maior que a da Sony e que a da Asus, apenas para ilustrar. Além disso, segundo dados do NPD de Junho de 2009 no mercado de computadores pessoas acima de US$1.000,00 de preço unitário a participação da Apple era de graves 91% também nos EUA. Ou seja, na terra do Tio Sam a Apple é uma unanimidade maior que o Windows quando trata-se de máquinas premium. Nada mal para quem usa um sistema totalmente proprietário e incompatível com o padrão do mercado.

Eu citei isso apenas para deixar claro o quão benéfico para a Apple foi o tropeço da Microsoft com o Vista. Mas de fato o alvo da propaganda Get a Mac da Apple não é puramente o PC nem somente do Windows. O alvo é a combinação de ambos. O que se poderia chamar de Experiência de Uso do Produto PC. A Apple não poderia atacar diretamente a arquitetura x86 pois ela própria é cliente da Intel e os Macs são nada mais do que PCs vestidos de gala. Então a Apple precisou montar um pacote, parecido com sua própria oferta de casamento perfeito de hardware e software, para comparar com seu produto em suas peças publicitárias.

O PC da propaganda da Apple não é um PC com Linux, isso é certo, pois muitas vezes ele próprio cita o sistema da Microsoft e alguns de seus tradicionais problemas crônicos. O PC da propaganda da Apple é um legítimo Wintel (máquina que combina Windows com processador padrão Intel), mas porque ignorar completamente o fato de que PC podem usar outro sistema operacional? Mais, porque ignorar completamente o software livre ainda que a Apple esteja usando projetos de Open Source para construir seu eco-sistema?

Ataque sempre o mais fraco
Se você quer ganhar mercado usando marketing não é muito inteligente atacar o competidor mais forte. Gaste sua verba de marketing mirando no adversário mais fraco e você poderá ganhar mais pontos e mais rápido. No caso dos sistemas operacionais paradoxalmente o maior é o mais fraco. Com uma base de usuários gigantesca o Windows tem todos os dias seus defeitos expostos ao escárnio público. As falhas do Windows são muito mais conhecidas e exploradas publicamente que as falhas do Linux.

Além disso onde você acha que existem mais usuários insatisfeitos? Os usuários de Linux normalmente são pessoas que usam o sistema por opção própria e por isso estão mais cientes dos problemas que vão encontrar. Usuários de Windows, por sua vez, vão desfilar uma série de motivos, jogos, compatibilidade com software ou hardware existente, veio junto com a máquina e eu não sei tirar antes de chegar no “eu uso e quero usar Windows porque gosto”. Então se existe um público que é potencialmente insatisfeito de 90% dos usuários de PCs coloque o Windows na maldita propaganda, oras!

Modelos divergentes
Seria uma simplificação horrível dizer que o foco da Apple é o Windows apenas por questões de market share. Até porque a Apple não ignora a existência de Linux somente, ela ignora a existência de tudo que é FOSS (Free and Open Source Software) desde o Gimp, o Firefox, o OpenOffice, o Linux e quase todo o resto. Apenas o Apache e umas poucas coisas muito profissionais a Apple mantém no seu MacOS Server, nada para o usuário de PCs domésticos. Ela poderia ter uma versão maravilhosa do OpenOffice for Mac e ajudar muito a comunidade mas prefere manter seu iWorks como pacote de escritório da sua plataforma.

Isso ocorre em grande parte porque o Software Livre e o Software Apple (chamando assim para não generalizar como Proprietário) possuem modelos filosóficos tão divergentes que um choque entre eles coloca em risco o próprio eco-sistema da marca da Maçã. Software Apple é feito para controlar a experiência de uso do consumidor de uma forma muito específica. Admitir software livre significa que você não controla mais cada vírgula da documentação, cada sombra de ícone da interface, cada cor de fonte que o computador mostra durante o boot. Isso vai de encontro com o “jeito Steve Jobs de fazer” que deseja determinar como cada coisa vai aparecer e funcionar mesmo depois de estar na mão do usuário por dois anos.

Para a Apple criar o bootcamp e dar suporte ao Windows foi simples porque ela sabe como o Windows é e como parece já que a Microsoft adota um modelo semelhante de controle inerente ao Software Proprietário. Mas ao negar suporte oficial ao Linux a Apple está dizendo nas entre-linhas que não quer ver qualquer splashscreen nas telas dos seus computadores por aí afora. Se você acha exagero pense sobre o significado de proibir pornografia na App Store dos iPhones e iPads. A Apple não quer dispositivos com seu logotipo mostrando cenas de sexo nos cafés mundo afora. É um modelo de controle supremo que precisa negar a aderência a qualquer software que possa ser livremente modificado.

O meu jeito é o correto
Esse controle íntimo da experiência de uso e até do que o usuário pode ou não fazer com o dispositivo foi edificado como um dos pilares da Experiência de Uso Apple. Não existe um logotipo para o MacOS (como existe para o Windows), nem um logotipo para os MacBooks (como existe para os Sony Vaio), nem para os iPhones (como existe para o Google Nexus One) todos os produtos, sistemas, softwares da Apple sempre se identificam com o logotipo da maçã usado para a própria empresa Apple. Essa uniformidade visual e linguística representa o anseio de criar uma experiência controlada em cada aspecto, impossível de manter se qualquer coisa pudesse ser alterada pelo usuário.

Muitos usuários de sistemas Linux gostam de customizar seus desktops e compartilhar screenshots na internet. Eles se divertem tanto com isso como os motoqueiros que customizam suas motos para mostrá-las aos outros nos encontros motociclísticos aos quais aparecem. Imagino o que aquelas imagens de caixas de diálogo com botões de OK e Cancelar ora na esquerda, depois na direita, primeiro um e outro, depois invertidos fazem com Steve Jobs. Devem dar grandes náuseas a ele. Mas até então você não viu grande sentido ou problema nisso tudo que estou colocando.

Parte do sucesso da Apple no mercado de consumo é fruto de conseguir vender ao consumidor a crença de que ela está certa ao tentar controlar tudo em cada aspecto. Você deve aceitar que plugar seu iPod em outro iTunes apaga todas as suas músicas, deve achar que isso é o certo a fazer e não se importar com isso, para ser feliz com o iPod. O que aconteceria se esse usuário um dia, ao experimentar o Linux e o Amarok, descobrisse que não é preciso apagar todo o conteúdo do iPod para conectá-lo a outro computador?

A Apple não pode admitir a possibilidade de estar errada no modelo do controle supremo porque se os usuários experimentarem pequenas liberdades podem não voltar para comprar um novo produto amanhã. Para a Apple é tão importante fazer de conta que software livre não existe quanto é importante para uma ditadura fazer de conta que imprensa livre não existe.

Mentalidade oitentista
Oitentista refere-se à década de 1980. Quando a Apple surgiu Steve Jobs era bicho grilo e pregava o uso de LSD e do amor livre. Talvez sua demissão da Apple tenha o transformado num senhor amargo tão compulsivo por controle quanto um titeteiro. Talvez nem seja ele. O fato é que por baixo da fina camada de acrílico e alumínio que cobre a Apple inovadora existe uma empresa retrógrada e tão presa ao passado quanto a própria Microsoft. Impedir o usuário de rodar o programa que ele deseja? O que é isso, estamos na Coréia do Norte?

O MacOS pegou tudo que sabe do NextStep, o que era bom e o que era ruim. Alguém aí programa em Objective-C? Alguém se lembra o que é um microkernel? São coisas da década de 1980 que foram abandonadas pelo resto do mundo no meio dos anos 1990 por alguns bons motivos. Os fãs da Apple estavam comemorando a chegada da multi-tarefa ao iPhone alguns dias atrás. Será que eles sabem em que ano estamos vivendo? Esse exemplo deixa muito claro o que estou querendo passar aqui. Comparar a multi-tarefa do Android com a do iPhone é ridículo... para a Apple. Mas obviamente a Apple não pode mais fazer de conta que o Android não existe.

Muitas outras “monotarefas” dos produtos e do modelo Apple existem e elas ficariam bem claras à luz de um sistema muito melhor que o Windows, como o Linux. Por isso a Apple pretende não contar ao mundo que o Linux existe, fingindo que ele não está lá! É algo totalmente diferente do que a Microsoft tem feito, e muito mais inteligente. Por quanto tempo dará certo é outro assunto.

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