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terça-feira, agosto 09, 2005

Linux para Desktop

Foi postado um texto no Notícias Linux por Sergio Clemente onde discute-se a ausência verdadeira de um Linux para desktop. Seria agradável ver o GNU/Linux chegar definitivamente aos PCs domésticos da mesma maneira que já fincou sua bandeira no ambiente corporativo (a última pesquisa das 100 empresas mais "ligadas" da Info Exame mostrou que 75% das empresas usam Linux em algum nível em suas máquinas). Já comentei aqui no meu blog porque acho que isso não aconteceu ainda mas volto ao assunto para discutir alguns pontos desta questão levantados pelo citado artigo. As partes do artigo aparecem em itálico e cor azul e foram extraídas sem modificação do conteúdo.

"Falta para o linux uma interface com o usuário muito mais amigavel."

As interfaces disponíveis para o GNU/Linux possuem grandes funções e são, pessoalmente, muito amigáveis. Já vi usuários leigos utilizando KDE e Gnome (além de outras interfaces) sem problemas e pude constatar que aqueles usuários que não possuíam experiência anterior com outras interfaces (como a Luna do Windows) tinham muito pouca ou nenhuma dificuldade para encontrar as coisas que precisavam. Mas por ser esta uma questão muito pessoal deixo por aqui mesmo.

"O usuário comum só quer saber de rodar o programa e dar next no botão."

Em microondas precisamos selecionar o tipo de alimento, ajustar um tempo (quanto tempo é preciso para descongelar 1Kg de peixe afinal???) e apertar um Start. Em um telefone celular precisamos de vários comandos, menus, e cliques em botão para fazer uma chamada ou usar a agenda. Um forno de microondas serve apenas para preparar alimentos, e um celular para fazer chamadas telefônicas (entre outras coisas muito legais hoje em dia), porque então as pessoas querem usar um computador, que é algo muito mais poderoso e complexo e que tem muito mais utilidades distintas apenas apertando alguns botões? Essa idiotização do mercado doméstico de informática me irrita às vezes, pois faz o público crer que computadores devem ser fáceis de mexer.

As pessoas pensam que devem apenas sentar-se à frente de seus compuatdores e que sem nenhum tipo de treinamento ou leitura sequer poderão operá-lo sem problemas. Isso é uma mentira! Pensem quanto tempo demora até que você decore as funções do controle remoto de um televisor novo, e tudo isso apenas para mudar de canal e assistir TV! Quem acha que operar um computador é algo corriqueiro e que qualquer pessoa poderá fazê-lo sem o mínimo de treinamento ou conhecimento prévio engoliu a idiotização em massa típica do mercado de consumo, feita apenas para vender produtos nas maiores quantidades possíveis. E engana-se quem pensa que sistemas como o Windows XP proporcionam esse tipo de experiência. Amigos meus, leigos em informática, pedem-me com freqüência para ajudá-los a formatar suas máquinas e instalar programas em Windows, como anti-virus, anti-spywares, etc, pq na maioria das vezes eles nem sabem pra que esses programas servem afinal.


"Nenhum usuário comum quer abrir o console e ficar digitando comando naquela tela."

Acredito que já existam distribuições GNU/Linux onde os processos de administração do sistema, instalação de aplicativos e tudo mais necessário para o uso doméstico tenham versões gráficas e não precisem de comandos em console. Então para o usuário comum o console seria apenas um membro figurativo do cenário, que vai estar presente também no Windows Vista, portanto é melhor que estes usuários comuns acostumem-se com o console, pois ele não vai desaparecer, nem do GNU/Linux nem do Windows.

"Usuário comum não precisa entrar nas listas de discussões e sites afins para conseguir instalar o bendito modem ou a placa de som que insistem em não funcionar direito."

Já perdi a conta das vezes em que me vi brigando com o Windows para configurar dispositivos antigos ou com drivers mal escritos. Isso não é culpa do sistema operacional, mas do fabricante do hardware e do desenvolvedor do driver, há pouco para a comunidade de software livre fazer nesse sentido. Os fabricantes ainda resistem a publicar suas especificações para a comunidade livre e muitos dispositivos tem problemas mesmo nas plataformas da Microsoft. Volto à questão da busca por material para estudo sobre como os dispositivos funcionam para fazê-los funcionar da seguinte forma: suponho que os usuários comuns do texto também não precisem ir às bibliotecas de suas escolas e faculdades para procurar por literatura para estudar para provas e fazer trabalhos e tão pouco precisem de manuais de instruções para seus automóveis e eletrodomésticos, afinal em seu mundo tudo é tão auto-explicativo e fácil de usar que dispensa qualquer conhecimento prévio sobre o assunto, correto?

"Estas pequenas coisas que não tem no linux atrapalha e muito a sua ascenssão total para o mercado desktop."

Certamente que atrapalham, como atrapalham o PC de chegar à sala de estar e tornar-se o centro multi-mídia de uma casa, mesmo já substituindo telefones, TV, DVD, set top boxes de TV a cabo, controles de ar condicionado e etc. Um único computador poderia substituir tudo isso, se não fosse complicado demais para usar.

"A primeira providência a ser tomada seria a patronização total das distribuições, é complicado ter que tratar os codigos do slack de um modo, do debian de outro, o do red hat de outro etc."

Isso reverteria toda vantagem de usar o GNU/Linux no mundo corporativo. E não daria nenhuma vantagem pela briga no mercado doméstico. Havia apenas um OS/2 Warp, apenas um BeOS e nenhum deles conseguiu a penetração a longo termo que espera-se que o GNU/Linux vá conseguir. Então a padronização por si só não adiciona vantagens significativas mas cria riscos. Ter um Debian completamente diferente de um Red Hat e ainda poder rodar o mesmo programa em ambos é a virtude do GNU/Linux. Assim você pode buscar a melhor solução pro seu negócio, ou então o sistema que mais lhe agrada e ainda impede que um software malicioso explore um fraqueza específica para derrubar um grande número de sistemas. A diversidade é bela e é sempre buscada pela natureza, porque funciona melhor assim.

"E mesmo quem tem internet rápida o certo e você colocar o cd do programa no CD-ROM e com um auto run ele rodar e começar a instalar.

Nada de comandos rpm, apt-get, tarballs e afins."

Outra grande vantagem do GNU/Linux em suas distros mais atuais é a possibilidade de baixar a custo próximo de zero e de maneira quase autônoma softwares atualziados e compatíveis. Isso é considerado pela maioria dos usuários de GNU/Linux uma grande virtude, retirá-la seria a contra-mão dos serviços on-line, um grande erro!

"Por que eu tenho que entrar no console para poder tirar o máximo proveito do meu S.O ?!
Por que não implementar isto com janelinhas bunitinhas sem nenhum código para o usuário comum ?"

Porque o console (ou shell) é uma ferramenta de grande utilidade para quem estuda e aprende como usá-la. Grande parte do poder que tornou o UNIX um sistema famoso vem do seu modelo de operação com redirecionamento de entradas e saídas e pipes em console e as possibilidades que um shell poderoso trazem são infinitas. Tão infinitas que a Microsoft irá inserir um shell muito parecido com o do Linux em seu próximo Windows. Veja, o texto sugere que façamos o oposto do que a Microsoft está planejando fazer. Minha versão do aMule é um beta (um RC) e tem a péssima mania de fechar sozinha de vez em quando e reportar um erro no console. Eu queria que ela estivesse aberta o tempo todo, então escrevi um pequeno script BASH de 3 linhas que lançam o aMule e verificam o estado de fechamento do programa. Quando eu o fecho pela GUI, tudo bem, mas quando ele fecha sozinho é reiniciado. Para implementar isso com janelinhas bonitinhas e botõezinhos eu teria que escrever muito mais linhas de código e usar APIs da interface gráfica, o que geraria um programa mais pesado, que consumiria mais recursos e mais do meu tempo.

Usar o console é uma maneira de aproveitar melhor seu SO, claro, e é por causa do shell do GNU/Linux que sua fama como server é incrível, pois podemos deixar como servidor de http, ftp, e-mails, arquivos, impressão, mp3 pela rede, voip ou qualquer outra coisa uma máquina GNU/Linux sem interface gráfica, com muito menos consumo de memória RAM que qualquer outra solução usando hardware genérico (ou seja a baixo custo) coisas que com Windows é impossível de fazer. Retirar isso do GNU/Linux é retirar grande parte de seus pontos fortes.

"Vejam a Microsoft podem falar oque for do Windows mas ninguem abandona ele 100 %. Ele é o exemplo ideal para um S.O voltado ao usuário comum."

Abandonar algo 100% pode ser um erro. Devemos buscar usar todas as ferramentas disponíveis para as aplicações que queremos. Eu uso Windows toda vez que quero jogar Vice City em uma lan house aqui perto, fazer o quê? Mas se o Windows fosse o exemplo ideal de um SO voltado ao usuário comum não estaríamos tendo essa discussão agora, pois não estaríamos buscando uma alternativa para uma solução que fosse realmente ideal.


"Afinal é free e quem quiser fazer um S.O personalizado é facinho ..."

E é aqui que eu não entendo o texto e seu autor. Lá atrás criticou a existência de tantos padrões distintos de GNU/Linux e defendeu uma unificação e aqui diz que poderiam ser criadas diversas versões personalizadas, exatamente como é hoje!

O GNU/Linux é um ótimo sistema operacional, com alguns defeitos e algumas virtudes, mas um produto excelente de potencialidades magníficas. Basea-se em uma plataforma sólida (o UNIX) e está a cada dia mais nas graças do mercado. Mudá-lo radicalmente como o texto sugere é enxotar toda a comunidade que fez o GNU/Linux ser o que é hoje e estar publicamente designado para concorrer com o Windows. Chegar ao desktop é mais uma questão de manter a comunidade coesa e os rumos tomados agora, do que sair modificando tudo pra ver o que acontece. Afinal se o GNU/Linux perdesse o shell, sua diversidade e sua estabilidade para parecer-se mais com o Windows eu seria um dos que pulariam para o time do BSD.


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Comments:
Olá Falcon_Dark, vi a sua discurssão com o Sergio e gostaria muito que vc entrasse no nosso grupo para discutir sobre o Desktop Linux, que inclusive li e gostaria de discutir a respeito com vc tb, e assim para que possamos também aprender e trocar conhecimentos para o projeto. Vou mandar um convite por email p´/ vc ok? Ou acesse o http://groups.google.com.br/group/desktoplinux

Enfim, reintero o meu convite, vc tem ótimos pontos de vista e com certeza contribuirão muito e serão bem valiosos e estimados ao projeto. :)

Abraços, Daniel Semblano.
 
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